Cabe nós cristãos, após ler sobre o significado das chamadas “Festas Juninas”
decidir se tais festas são ou não agradáveis aos olhos do Deus Eterno e
se são um bom ambiente para você e sua família frequentarem. Cabe a
você e somente a você a decisão. Escolher ficar ao lado de Deus ou
participar de festividades pagãs que desagradam ao Altíssimo.
O mês de junho, época de Solstício de Verão na Europa, ensejou inúmeros rituais de invocação de fertilidade,
necessários para garantir o crescimento da vegetação, fartura na
colheita e clamar por mais chuvas. Estes rituais, eram expressões que
foram praticadas pelas mais diferentes culturas, em todos os tempos e em
todas as partes do planeta.
O espetáculo das grandes mudanças que nos
oferece a natureza sobre a face da terra, sempre impressionou o homem e
levou-o a meditar sobre suas causas, efeitos e transformações. Em certo
estágio de desenvolvimento, acreditou ele, estar em suas mãos os meios
de evitar uma calamidade em potencial e que podia interferir, apressando
ou retardando a marcha das estações pela arte da magia. Com este
pensamento fixo, passou a realizar
rituais e a proferir palavras mágicas para o sol brilhar, os animais se
multiplicarem e a vegetação ou colheita desenvolver-se.
No decurso de mais algum tempo, porém,
acabou por convencer-se que o crescimento e a decadência da vegetação e
as alterações das estações, assim como a vida e a morte de qualquer
criatura viva, dependiam da força e da vontade de seres divinos. Sendo
assim, a velha teoria mágica das estações, foi complementada com uma
teoria religiosa. Mas, mesmo associando estas transformações às suas
divindades, achou que através de certos ritos mágicos, poderia dar uma ajuda ao seu deus, que era o princípio da vida na luta contra o princípio contrário, a morte.
As cerimônias que realizava para alcançar
este objetivo, não passavam de representações dramáticas dos processos
naturais que desejava favorecer.
Não obstante, os dois lados da vida, o
vegetal e o animal, não estavam dissociados na mente daqueles que
realizavam estes cerimoniais. Em verdade, eles acreditavam que existiam
profundos laços que uniam o mundo vegetal ao animal e em funções disso,
combinavam a representação dramática do renascimento das plantas a união
dos sexos, objetivando estimular ao mesmo tempo e com um único ato, a
multiplicação dos frutos, dos animais e dos homens. Para eles, o
princípio da vida e da fertilidade, fosse animal ou vegetal era uno e
indivisível. Alimento e filhos, era o que os homens procuravam obter com a realização de ritos mágicos para regular as estações.
Estes rituais de fertilidade, perduraram através dos tempos e na “Era
Cristã” não houve como apagá-los. E, a Igreja Católica, adaptou-os as
comemorações do dia de São João, que teria nascido em 24 de junho, dia
do solstício.
Nos conta Frazer, em seu livro “O Ramo de Ouro”,
do início do século XX, que na Sardenha, os jardins de Adônis ainda são
plantados na festa de Solstício de Verão, que lá tem o nome de festa de São João. Era costume, também, em 1 de abril um rapaz da aldeia se apresentar diante de uma moça e pedir-lhe para ser sua “camare” (namorada) e se oferecer para ser seu “compare”.
O convite era considerado como uma honra pela família da moça e aceito
com satisfação. No final de maio, a jovem faz um vaso com casca de um
sobreiro, enche-o de terra e nele semeia um punhado de trigo e cevada.
Colocado ao sol e regado na devida freqüência, os grãos brotam
rapidamente e, na véspera do solstício (23, junho, véspera de São João),
já estaria bem desenvolvido. O vaso é então chamado de “erme” ou
“nenneri”. No dia de São João, o rapaz e a moça, acompanhados por uma
comitiva e precedidos por crianças, vão em procissão até a igreja. Ali
quebram o vaso e lançando-o contra a porta do templo. Sentam-se em
seguida em círculo na relva e comem ovos e verduras ao som da música de
flautas. Em seguida dão-se as mãos e canta, “Namorados de São João ( Compare e comare di San Giovanni)
várias vezes, enquanto as flautas tocam durante todo este ínterim.
Quando se cansam de cantar, levantam-se e dançam alegremente em círculo
até a madrugada.
Outro aspecto importante da festa do Solstício de Verão ligado ao nome de São João é a tradição de banhar-se no mar, nas nascentes, nos rios ou no sereno, na noite da véspera do dia da festa do Solstício.
Em Nápoles, há uma igreja dedicada a São João Batista com nome de São
João do Mar (San Giovan a mare). Este hábito é bastante antigo e, homens
e mulheres acreditavam que no ato de banhar-se ficariam livres de todos
os pecados. Nos Abruzos, ainda se acredita que água possua qualidades
benéficas na noite de São João. Em Marsala, na Sicília, há uma nascente
em uma gruta subterrânea, chamada Gritto della Sibila. Ao seu lado, há
uma igreja de São João. Na véspera de São João, dia 23 de junho,
mulheres e moças visitam a gruta e, ao beber da água profética,
acreditam que ficam sabendo se seus maridos são fiéis ou se casarão no
próximo ano. Também os enfermos, acreditam que banhando-se nestas águas,
ficarão curados de seus males.
O alcance destas crenças eram tão
grandes, que a Igreja, acabou por achar melhor seguir uma política de
acomodação, dando a estes ritos um nome cristão. E, ao procurar um santo
para suplantar o patrono pagão de tais banhos, dificilmente poderiam
ter encontrado um sucessor mais adequado do que São João Batista.
Atualmente,
os rituais de fertilidade estão representados no casamento caipira e,
as antigas oferendas, deram lugar às simpatias, adivinhações e pedidos
de graças aos santos. O santo mais requisitado é o Santo
Antonio, conhecido como casamenteiro, que segundo reza uma lenda, levou
três irmãs solteiras ao altar.
